7.9.07

Sessão Plenária 2:
Identidade, diversidade e cidadania

As questões de articulação entre a identidade cultural e a cidadania foram desenvolvidas por Joseph Straubhaar na segunda Sessão Plenária do Congresso. O investigador passou em revista os diferentes níveis que concorrem para as nossas identidades na sociedade contemporânea (global, multinacional, nacional, regional, local), sublinhando que nem sempre as identidades culturais coincidem com o plano formal da cidadania – por exemplo, um emigrante turco que se tornou cidadão alemão, ou “um chinês de Hong-Kong que, de facto, é cidadão canadiano, com passaporte pronto para se mudar caso as coisas corram mal”, como ironizou.

O próprio investigador disse que tem dificuldade em responder quando lhe perguntam de onde é: cidadão americano, vivendo numa zona muito próxima da fronteira com o México (com forte presença de latinos), passou muitos anos também no Brasil, país com o qual em alguma parte se identifica igualmente. “Há tempos perguntaram-me de onde era, e eu respondi que era… enfim… que era cidadão do Hemisfério Ocidental…”, comentou com uma gargalhada.

Divina Frau-Meigs, pelo seu lado, desenvolveu os temas da diversidade cultural e da “governance” nas sociedades actuais, entendida esta como a capacidade de os cidadãos participarem activamente nos processos de deliberação pública, para além ou independentemente das estruturas formais de poder (legislativo e executivo).

Neste contexto – em que integrou o funcionamento dos “media” – salientou a sua preferência pela co-regulação em vez da auto-regulação, por entender que esta última pode levantar o problema de os seus autores serem “ao mesmo tempo juiz e parte” dos processos que regulam. A co-regulação, em contrapartida, abre a possibilidade de participação dos diferentes actores envolvidos nos processos de comunicação pública.

A investigadora francesa (mas de origem catalã) enfatizou, por outro lado, o carácter imprescindível de uma educação para os “media” como condição prévia para qualquer exercício de cidadania efectiva e responsável nos dias de hoje.

Fazendo um paralelo com a “Primeira Emenda” americana (que estabelece a liberdade de expressão como uma liberdade prévia a todas as outras, e a sua garantia como caminho para a garantia de todas as outras), afirmou que a educação para os “media” deve também ser encarada como uma educação “prévia a todas as demais educações”, sob pena de estas ficarem incompletas. O exercício da cidadania num mundo tão mediatizado como o que hoje temos, não é possível sem este tipo de educação – afinal, uma nova literacia.

Joaquim Fidalgo

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